segunda-feira, 28 de abril de 2014

Disfarçadamente Doentio

Me desculpe se minha mente é tão doentia quanto a sua e com nossas histórias semelhantes, mesmos papéis principais, acabamos disputando quem é mais desgraçado.

Me desculpe por te fazer achar que quero roubar a mentira que você criou com tanto trabalho para si, mas no fundo você não vê que eu sei que não é verdade?

Quando nem você mais se dá conta das suas enganações, quando sua mente passa a brincar contigo, confundindo até onde vai a verdade e onde começa a mentira e vice versa.

E você já não sabe mais qual é o limite. O senhor tão articulado e inteligente começa a enlouquecer com raiva de si mesmo e perde o controle.

Nega tudo o que sabe que é verdade. Nega o que eu vejo nos teus olhos que é real. Tenta esconder os erros e as dores, mas se engana ao pensar que eu não os vejo nos teus passos.

Em cada piscar de olhos, inspiração, expiração. A cada alteração no volume da voz, a cada perda da linha de raciocínio por causa da emoção.

Sim. Eu vejo o verdadeiro você. Porque eu sou tão desvairada quanto ele. Mas eu não tenho medo de descobrir a mim mesma, isso não é segredo pra ninguém.

Não tem porque querer parecer um rei autocentrado, limpo e barbeado, quando sua mente está em ruínas, quando por dentro você sabe que a doença te dilacera em pedaços e te saboreia lentamente.

Mas, insiste em proteger o seu império já falido pelos seus deslizes ou mesmo pela sua humanidade. Falta de racionalidade. Só não se culpe por ser humano.

E não queira destruir quem sabe que você também sangra. Que por trás da sua armadura e da sua imagem detalhadamente estudada e aperfeiçoada, és de carne e osso como qualquer outro.