quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Pílula Mágica












Vagando pela casa, na qual não se sente em casa.
Folheando páginas de livros que contém uma das tantas partes suas, cada um.
E não consegue se concentrar, porque sua própria história não te deixa em paz.
Fica martelando na sua cabeça o tempo todo como um maldito pica-pau.

Sai pelas ruas da cidade. Maldade, maldito lugar!
O vento no cabelo e a liberdade de uma descida sem freios, como se realmente pudesse voar
E passar tão rápido sem perceber os risos infiéis, as caras feias que fazem pelas suas costas,
Ou as palavras tortas que cochicham como se realmente conseguissem esconder;

Escutando músicas que trazem lembranças boas de um tempo que, reticências...
Ou esperança de que um dia, talvez, aqueles sonhos cantados se realizem...
Impondo a si mesmo "Fique bem, sorria! Você tem tudo o que qualquer um gostaria,
Porque não deveria!?" Talvez porque não consegue ser igual a 'qualquer um', diria.

Refúgio debaixo do chuveiro, camuflando as lágrimas com a água que cai
Buscando em cada gota o prazer que um dia já esteve a flor da pele
Fingindo pra si mesmo enquanto ensaia um sorriso falso pra exibir por quem passa
Mas, seus olhos marejados e melancólicos não podem esconder o que te devora por dentro.

Proteção na 'companhia' de tantos livros, filmes e músicas
Que cada vez mais te assustam com as descobertas que faz sobre si mesmo
E te ensinam a lidar com as pessoas, mas, onde elas estão mesmo?
Nada disso faz sentido quando não se tem com quem discordar...

Mergulho;
Na escuridão do quarto silencioso e solitário, pra lá e pra cá sem pregar os olhos
Seu inconsciente sabe o que te espera no outro dia, todo dia, todo santo (?) dia! (...)
Castigado pela sensatez com o peso descomunal que o bom senso te joga nas costas

Engolindo dia após dia suas dores pra estancar as daqueles que te causam as suas
Sem trégua, compreensão ou compaixão, sem dó nem piedade...
Porque você simplesmente não joga tudo pro alto?
Então, toma uma pílula mágica que te faz adormecer e mascarar toda a realidade cruel (?).

E foi feliz pra sempre (?) enquanto durar o efeito...

Fim.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Psicose
















E as músicas que planejávamos tocar juntos viraram silêncio.
O bar onde jantávamos fechou.
E eu não suporto mais beber aquilo que me fez declarar-me e atacar-te.
Me embrulha o estômago...
Os cigarros que deixei porque pediste,
Voltaram pra preencher teu lugar.
Minha voz já não tem mais sonoridade sem os teus acordes.
Meu canto se perdeu sem você pra dizer pra eu não entrar antes da hora.
E a minha voz soa fraca sem teus graves pra me acompanhar.
Minhas palavras tanto procuram o desejo e aquele encanto
Que só vinha se fosse pros teus olhos lerem.
E todos aqueles quartos os quais foram nossos por uma noite,
Tantas cores, confissões, gargalhadas, penumbras e sussurros
São delírios, lembranças, psicose.
Vejo teus olhos nos olhos d'outro alguém,
Ouço tua voz ao pé do meu ouvido a arrepiar todo o meu corpo.
(Ou será na minha cabeça?)
Sinto teu cheiro no ar, teu gosto a me importunar;
Fecho os olhos e gozo a imaginar teu corpo,
A lembrar das nossas coreografias...
E tua falta me sufoca o peito,
Eu congelo sem teu suor pra molhar meu corpo,
Mesmo debaixo do cobertor...
Tento acreditar que um dia vou acordar e ver que foi “só” pesadelo
E anseio com todas as forças perder a memória,
Pra poder reescrever minha história sem o querer de sonhos irrealizáveis
Nesta vida, neste mundo real, ao menos.
Enquanto isso, leio outras histórias, pra tentar fugir da minha própria mente.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Não Subestime as Travessuras da Vida

Não tenho medo do depois. Posso estar errada, mas acredito que o inferno é aqui, agora. Os bons vão encontrar paz - gosto de acreditar nisso -, e os ruins ficam, seguindo com suas artimanhas, muitas vezes, para conseguir coisas que não vão levar quando finalmente se forem.

Realmente, não adianta chorar depois que acontece. Mas, somos egoístas, desejamos que os bons corações sempre fiquem para nos consolar, nos dar colo, tapas carinhosos nas costas e rir com sua voz gostosa e rouca, tão calorosamente atingindo nossos corações muitas vezes já machucados e até frios devido às rasteiras da vida.

Vida esta que não tem dó da gente, que quando pensamos que já aprendemos demais, que já sofremos demais, talvez até que já somos fortes demais, lá vem ela nos provar que estamos errados. Que nunca aprenderemos o suficiente, que por mais duros ou frios que sejamos, temos pontos fracos, sentimos dor, ficamos tristes... Não adiantam esforços desumanos pra "ser alguém na vida", pra conquistar coisas, porque nunca teremos certeza se iremos acordar na manhã seguinte. Porque o que realmente precisamos conquistar são corações e pessoas, cultivar bons momentos, alegria, sinceridade, aproveitar o momento.

A vida é agora, o amor é agora, curtir e aproveitar é agora, dizer o quanto gosta das pessoas, é agora, ser feliz, é agora e não amanhã, nem depois, nem na próxima segunda-feira, ou no próximo ano. Depois não adianta, depois, já era. Não adianta chorar. Não traz de volta.

Trabalhar demais pra ser "melhor que os outros" até pegar uma gripe forte de tanto trabalhar, sem se alimentar, dormir e viver direito, e perceber que não é nada mais do que qualquer outro. Ter horários pra isso, pra aquilo, pra compromissos, pra se divertir, pra rir e pra chorar, não faz sentido. Porque nunca esperamos, nunca realmente acreditamos que as coisas vão acontecer conosco e vivemos nessa ilusão até a vida decidir nos provar, mais uma vez, que estamos errados. Talvez, ela apenas vá com a sua cara e decidiu te deixar acreditar na sua ilusão, por enquanto. Talvez, você ainda não tenha cumprido sua missão, sei lá. Talvez ainda não tenha aprendido tudo o que deve aprender...

O fato é, que você nunca sabe quando estará brincando com seu neto no quintal e, de repente, morre engasgado com uma laranja. Ou quando aquelas pessoas que você jamais imaginou não estarem ao seu lado, se vão, sem a menor explicação lógica e você morre de desgosto, de tristeza e não sabe como continuar porque aquilo te corrói por dentro. E às vezes, não continua.

Já dizia Shakespeare: "Não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte." Portanto, se resolverem fazer uma vaquinha pra fazer uma pegadinha com algum amigo no aniversário dele, participe, se puder. Não invente desculpas, não deixe de estar ao lado de quem você gosta, de fazer o que você tem vontade, na hora que tiver vontade, não deixe de ser o que você realmente é, sem medo do que os outros vão pensar. Pare de querer controlar tudo e todos. Deixe rolar! Aproveite! Se liberte! Porque você nunca sabe se no próximo ano, esse seu amigo que estava de aniversário estará ao seu lado, por mais que ele não tenha partido desta para melhor, a vida é louca, dá voltas, sempre muda e sempre nos surpreende.

Então, não deixe de ir à praia às 3 da manhã dar um delicioso mergulho, se lhe der vontade. Não deixe de sair de madrugada para encontrar os amigos e bebemorar qualquer coisa ou nada, simplesmente aproveitar o fato de que vocês estão juntos. Não deixe de fazer algo divertido com alguém que você gosta numa terça-feira até às 4 da manhã, mesmo que você tenha que trabalhar no outro dia, não deixe de experimentar um novo sabor, não deixe de tomar um delicioso banho de chuva porque vai estragar sua chapinha, não deixe de comemorar algo porque a grana tá curta, tenha bom senso, claro, mas não deixe os momentos passarem, porque você nunca sabe se amanhã poderá ter a oportunidade de fazer isso novamente, seja porque você ou qualquer outro se foi ou porque você virou inimigo daquele que um dia foi seu melhor amigo. Você nunca sabe, então, não deixe pra depois!

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Pra sempre o meu anjo gostoso e fofo, que você encontre um lugar tão doce quanto o seu coração.

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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Fogueira












Se tivesse agarrado, talvez tivesse libertado;
Espremido tudo aquilo que deveria ser colocado para fora.
Se tivesse soprado, talvez tivesse permanecido.
De fato talvez, chegasse ao fim outrora.

Mas sempre com cautelas, aquele velho medo encolhido,
Medo de ter medo, que já não tenho mais agora.
Bem ou mal, não poderia ter mentido.
Não enxergava nem sabia o que chegou sem demora.

Se realmente soubesse tudo aquilo que pensei conhecer;
Mas era improvável aos corações sedentos e cegos,
Aos olhos externos e passos apressados aquilo prevalecer.
Em corações remendados, impossível não haver pregos.

Enfim, depois de tanto queimar a mim mesma,
Não posso continuar a ter medo da minha própria intensidade.
De tanto fazer do meu próprio fogo, fraqueza,
Queimar os corpos alheios com minha vivacidade;

Depois de tanto censurar a chama que teima em arder,
Não mais desejarei aquela pequena labareda, certeza.
Mesmo que precise algo ou tudo perder,
Assumirei a grandeza para destruir qualquer fortaleza.

Seja este fogo da cor e proporção que tiver que ser,
Sem reprimi-lo, o manusearei com destreza,
Acostumada o bastante para conseguir aquecer,
Em vez de queimar aos outros e a mim mesma.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Faz de Conta

O seu mundo é verde e meus olhos também. Sua maior fascinação, era meu apelido na escola. Sua série favorita é do mesmo gênero que a minha. Temos o mesmo sonho de liberdade e sossego.  A mesma área de interesse. Você é delicado e eu dura. Distante e carinhoso. E vice versa. Você é tímido, mas quando se solta, fica mais à vontade que eu - à primeira vista pareço ser muito extrovertida, mas no fundo, sou tão tímida quanto você. Você é aquilo que eu sou, quando não estou sendo-o e, ao contrário.

Seu passa tempo favorito, é meu corpo, violão. Talvez por isso você sempre soube como me tocar. Você é alto, eu sou baixa. Seu corpo é natural, o meu é colorido. Você é tradicional e eu sou diferente. Você é sensato, eu imediatista. Gosto de atender às minhas vontades mais insanas na hora em que elas surgem, enquanto você gosta de pensar muito bem antes de fazer algo. Você é chato, e eu louca. Você é correto e eu sou toda errada. Você não tem medo de demonstrar seus sentimentos, mas sabe manejá-los racionalmente. Eu sou aparentemente racional e prática, com vontades secretas e atitudes emocionalmente imprevisíveis.

A minha voz te encantou, tal qual fazem as sereias, bem como o timbre da sua me arrepia o corpo todo, ao pé do ouvido. Você escreve poesias rimadas e eu crônicas malcriadas. Suas palavras me levam aos céus, enquanto minha língua faz o mesmo contigo. Eu sei que não sou o que você sempre sonhou. Nem você se encaixa no padrão que eu sempre busquei. E eu me surpreendo com o que sinto por ti, mesmo sendo tão diferente do que eu achei que gostava. Tenho certeza que você também. Mesmo estando longe, sem falar, nem ver, persiste teimosamente o sentimento incontido.

Você é minha inspiração surreal. E eu sou o conformismo de um amor demasiadamente real e a inconstância de uma paixão insana que te faz sonhar acordado. Você me faz reinventar sempre, e eu te ensino a ter uma rotina surpreendentemente indefinida. Contigo não tenho medo de experimentar algo novo, apesar de estar com aquelas familiares borboletas no estômago sempre que estás ao meu lado. Você desperta com talento meu lado criança e brincalhão, apesar de muitos dizerem que sou bastante séria e até antipática. Na verdade, eles não sabem que sou míope e que sonho contigo enquanto brinco de viver automaticamente. Não é porque estou andando, respirando e com os olhos abertos que estou ali, afinal.

Você me faz sentir à vontade, sem ter medo de ser eu mesma, tanto que conhece meus segredos mais obscuros, meu rosto sem maquiagem, meu corpo como ele é e minhas opiniões mais controversas. Sempre me ouviu, entendeu e aconselhou mesmo que nem sempre concordasse. Não sou muito boa em demonstrar sentimentos, confiar, você sabe. Tentei te proteger das minhas dores - como se não tivesse medos ou paranoias, fingindo-me de forte e auto suficiente -, e você acabou se tornando a maior delas. Mas não consigo te odiar, por mais que eu queira. As lembranças são tão inacreditáveis, que consigo apenas ser grata por ter vivido isso. Você despertou a essência que estava escondida lá no fundo da minha alma, atrás dos escudos que eu insistia em empunhar.

Você gosta de viajar e eu enjoo. Quer voar e eu quero saltar de bung jump. Não tenho tias-avós que moram no interior para nos aventurarmos pelas estradas da vida. Não tenho  uma família de comercial de margarina para te convidar pra almoçar aos domingos. Não vou mentir nem me tornar uma cópia sua para te comprar, negando minhas próprias particularidades. Isso não é do meu feitio. Mas posso dizer com sinceridade que a maior viagem que já tive foi dentro dos teus olhos e lugar algum do mundo pode ser mais belo e entorpecedor.

Não sei se pôde perceber o quão inquieta posso ser nas minhas inconstâncias e loucuras repentinas - as famosas vontades que vem do nada e devem ser atendidas prontamente à qualquer custo para não perder o gosto do delírio e o calor delicioso do desejo -, e exageradamente acomodada quando meu coração está em paz. Somos muito semelhantes em tantas coisas. E totalmente ambíguos em outras. Não, a gente não se completa, e não acho que isso seja necessário, porque a gente se transborda, se desafia. E isso é muito melhor do que se completar. Somos felizes de uma forma inexplicavelmente compreensível e surreal. Talvez surreal demais para ser, de fato, real.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O colo da mamãe é macio mas a vida não é

Não adianta cobrar à plenos pulmões ao chegar em casa e ter louça pra lavar, camas desarrumadas, cachorro sem comida enquanto seu bebezinho fofo está no computador.

Não, gritar não vai fazer com que suas palavras entrem na cabeça de alguém e se fixem lá de acordo com a intensidade e altura da voz.

Não, gritar não vai fazer ninguém sentir compaixão de você porque sai de casa de manhã cedo pra pôr comida na mesa e chega à tarde e tem tudo por fazer e ninguém te reconhece.

Não, fazer tudo o que tem por fazer e continuar gritando não vai mudar a situação. Só vai fazer com que as pessoas ao redor acostumem-se com seus gritos e aprendam a ignorá-los, assim como, ignorar as coisas por fazer.

Não adianta reclamar, gritar, xingar, espernear, praguejar. Mesmo. Isso só enche o saco, na maioria das vezes o próprio saco de quem grita, porque as pessoas aprendem a ouvir isso e fingir que não ouviram, principalmente os filhos. Especialmente os filhos que, ao não fazerem algo, alguém vai lá e faz por eles, mesmo que grite um pouco.

Não adianta levantar cedo todos os dias pra trabalhar e comprar roupinhas de marca pro seu filhinho querido e depois no fim do ano quando ele reprova, xingá-lo. A culpa não é dele. É sua. Que levantou cedo, se matou trabalhando, no calor, no frio pra trazer do bom e do melhor pra dentro de casa; Que chegou em casa, fez tudo o que tinha por fazer enquanto ele estava navegando no Facebook.

Não sou mãe, nem psicóloga (ainda), mas sou uma ótima observadora cansada de ver situações como essa por aí e, na minha humilde opinião, o que resolve é sentar e conversar. Sim, a boa e velha conversa. Desligar a televisão, deixar de se preocupar com a novela e conversar, estudar, ensinar, participar da vida do seu filho.
Não, falar enquanto ele passa, sai ou chega não é a mesma coisa. Gritar e cobrar quando chega o boletim, quando a escola chama pra fazer reunião, e etc não vai surtir efeito.

Parar tudo, sentar, olhar nos olhos e manter um tom de voz equilibrado é do que eu estou falando. Prevenir, antes de remediar. Ou remediar da maneira correta. Dar exemplo, dizer o quanto é difícil levantar as seis da manhã, trabalhar o dia todo, muitas vezes comendo marmita no trabalho, algumas outras vindo em casa almoçar, num ônibus lotado, ou num engarrafamento no conforto do seu carro pago com o suor de cada dia de trabalho, engolir a comida inteira e sair correndo porque já está na hora de voltar.

Tudo isso pra garantir o arroz com feijão de cada dia, as guloseimas que o baby tanto gosta, as roupitchas caras daquela loja bacana que vende as marcas mais cool que a galerinha está usando, o tênizinho de marca, a internet da qual ele usufrui todo dia pra se divertir - porque estudar que é bom né, só quando o bicho tá pegando ou quando os seus gritos ultrapassam o limite aceitável -, a TV à cabo na qual ele assiste programas que bem entender no conforto do seu quarto, na sua televisão.

Depois de permitir e criar tudo isso, não adianta reclamar, gritar, cobrar, encher o saco, fazer a dança da chuva. Porque ele é uma pessoa que cresceu e aprendeu a ser assim com você pai/mãe que compra o seu filho com tudo o que ele quer, seja comida, roupa, saídas, dinheiro, televisão, internet; Que troca isso pelo seu tempo com ele. É, aquele mesmo tempo que você usa pra assistir televisão, em vez de fazer parte da vida do seu filho. E quando você se dá conta, ele não fala mais com você, enquanto está com os fones de ouvido no computador. Ele se tranca no quarto e prefere ficar na internet do que sentar na sala com você.

Não, ele não quer conversar com você e contar como foi o dia dele, muito menos ouvir como foi o seu. Porque ele tem coisas mais importantes pra fazer na internet. Conversar com os amigos, jogar, ver pornografia. Porque ele nunca teve limites, sempre decidiu por si só o que fazer enquanto você estava "ocupado" com outras coisas. E agora já é tarde demais pra alguém querer controlá-lo. Porque você já nem conhece mais o seu filho. Não sabe o que ele faz, nem com quem ele anda e ele também não quer que você saiba, porque quando ele gostaria da sua preciosa atenção, ela estava ocupada com a porcaria da novela das oito. Quando ele gostaria que você o ensinasse algo, você estava "ocupado" demais pra ele. Quando ele precisou de colo e conselhos, você não podia, porque tinha que levantar cedo para sustentá-lo e comprá-lo. E então, de repente, ele não precisa mais de você, porque já arrumou distração, muito mais interessante inclusive.

Provavelmente ele vai crescer e vai se tornar um playboyzinho metido, daqueles que vão pra balada todo lambido, com a roupa que a mamãe comprou, o perfume que a mamãe comprou, muitas vezes com o dinheiro que a mamãe deu (porque nunca exigiu que ele trabalhasse, só que estudasse mas, como tinha tudo o que queria mesmo que não o fizesse, ele não fez, porque era mais fácil), pagando de bonzão e fútil com as mulheres (porque mamãe sempre disse que ele era o melhor), bebendo e usando drogas, dirigindo, fazendo estardalhaços, arruaça e até cometendo acidentes, porque claro, se necessário, mamãe vai pagar um advogado e livrá-lo de tudo o que acontecer através de seus contatos.

E aí, você vai se perguntar: "Mas o que eu fiz de errado? Eu dei tudo do bom e do melhor, tratei com o maior carinho, blá blá blá." E eu te respondo: Foi exatamente este o seu erro. Dar tudo sem cobrar nada, deixar de fazer as coisas pra você, pra fazer tudo pra ele, não dar limites e dar recompensas sem dar tarefas.

E aí certamente será muito tarde pra consertar esse bebezão de vinte e tantos anos que não sabe se virar sozinho e não sai da barra-da-saia da mãe, porque claro, é muito conveniente, confortável, quentinho e também, porque ele não sabe viver de outro jeito, por culpa de seus ~amados~ pais que o fizeram ser assim.

Se a vida conseguir ensiná-lo, certamente será do pior jeito, na base do tapa na cara, da porta fechada no nariz, do murro no estômago e, o baby da mamãe vai sofrer pra caramba porque o colo da mamãe era macio, mas a vida não é.

E, na pior hipótese, ele não vai aprender, e vai ser um babaca que desrespeita o porteiro, o lixeiro, o faxineiro, o professor - porque se acha melhor que eles, afinal, mamãe disse que ele era demais -, que não sabe o valor e nem o preço das coisas, que não sabe ouvir críticas e nem trabalhar em equipe, que sempre dá "um jeitinho" nas suas cagadas - afinal, foi assim que mamãe sempre fez.

Então, sugiro que você saia da frente dessa porcaria de televisão/computador, e olhe pro seu filho, escute-o, ensine-o, PRESTE ATENÇÃO nele, seja amigo dele se não quer fazê-lo sofrer e ser uma pessoa fútil e quebrar a cara ao ver que o mundo não gira em torno dele.

Não adianta colocar a culpa na escola, na sociedade, nos políticos ou no destino, porque ela não é de ninguém, além de sua.

sábado, 24 de agosto de 2013

Liberdade de ser você mesmo


Não tenha medo de dizer o que quer, de fazer o que tem vontade, não fique enrolando sem dizer sim ou não por medo da opinião alheia. Ninguém tem o direito de xingar ninguém pelas suas escolhas, o outro pode ficar chateado, mas no fim, cada um decide por si e fazer birra por causa de decisões alheias é coisa de gente imatura.

As pessoas tem outras pessoas, outros amigos, outras situações, outros gostos... A gente não pode querer controlar tudo. E por mais parecidos que sejamos com alguém, ainda assim, somos diferentes em algum canto da nossa originalidade ou dos nossos gostos bizarros.

Não dá pra não dizer o que quer por medo do que os outros vão pensar. Se a tua resposta depender da minha opinião, então tu não sabe nem do que gosta. Ora gosta disso, ora daquilo pra agradar a todos...

Eu particularmente, respeito muito mais quem me contraria e se contradiz do que quem concorda comigo só pra me agradar. Não suporto quem não anda fora da linha, não surta, não enlouquece de vez em quando. Porque os doidos, imprevisíveis, e felizes são aqueles que fazem o que sentem que devem fazer, independente do que as outras pessoas pensam e dizem. E essa é a essência da vida. Fazer o que tu sente que deve fazer. Por mais que não faça sentido.

Ou tu vai viver cada dia pra agradar alguém diferente? Assim nunca vai agradar a si mesmo e é capaz de morrer de desgosto. De chegar ao ponto de que nem as coisas que tu sempre sonhou em fazer vão conseguir te deixar feliz e te tirar desse lago gelado e completamente estático que se tornou o marasmo da tua vida.

Não tem nada melhor do que a sensação de realização por fazer algo que se quer muito. Nada vale o preço desse sentimento. Nem a pessoa mais legal do mundo todo. Nem a pessoa mais linda do mundo. Nem 1 milhão de reais. Nada vale mais do que fazer o que o teu coração manda. Como diria o Gabriel: "Nada do que eu conheço paga o preço de viver sem liberdade."

E com certeza é infinitamente melhor ter a sensação de arrependimento depois, do que ficar na eterna vontade de saber como seria. Só dá pra ficar em paz consigo mesmo, depois de arriscar, de experimentar. E nem mesmo a tua possível babaquice, idiotice e vergonha podem ser maiores do que a realização de fazer algo que tu quer muito dentro de ti.

Portanto, não deixe que o medo te impeça de ser feliz e mais importante ainda, de ser você, de fazer aquilo que tu realmente gosta. Hoje as pessoas criticam. Amanhã elas concordam contigo e te dão um tapinha nas costas. Não vale a pena deixar de viver pelos outros.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Entrelinhas

Acorda, já não tão cedo, mas sempre com preguiça. É um bicho da cama. Lava o rosto com água fria pra acordar, toma um banho quente. Veste-se geralmente de preto, pois assim sente-se bem. Usa salto para disfarçar sua altura, ou seria a falta dela? Perfuma-se com uma fragrância doce, que adora, revelando assim, traços escondidos da sua personalidade que ela disfarça atrás de olhos pretos e batom vermelho, para tentar não sofrer tanto quanto já...

Põe os fones de ouvido para não ouvir as conversas alheias no ônibus e na rua, nem ouvir o que as pessoas tem a dizer sobre ela; Também para viajar pelo seu universo particular, o qual o ingresso é a música e a poesia, lembranças e anseios. No ponto de ônibus, no elevador, na praça, tudo isso se mistura e as palavras surgem, combinam-se e dançam em sua cabeça. Os plátanos lembram o rosto dele, seu cabelo, sua barba; Um raio de sol lembra o seu sorriso...

Ela mergulha no seu mundo. O das palavras, dos textos, das frases e rimas. Silenciosamente, sente falta dele, mas disfarça. Está triste, mas sorri; Gargalha, desesperadamente talvez. Em silêncio. Ao menos de palavras ditas, mas não de escritas. Se alguém olhar nas suas entrelinhas, saberá. Dói, mas ela faz piada, dela mesma, da desgraça alheia e da dor também, porque não? Ironia.

Luta pelos seus problemas secretos e deploráveis todos os dias, mas escuta as dores alheias e aconselha como se ela mesma não tivesse as suas. É forte como uma pedra, muito mais do que a maioria das pessoas que conhece. Queria ter os problemas dessas pessoas para si, trocaria pelos seus. Reclamam de barriga cheia. A vida é injusta e as pessoas não dão valor para o que têm. Deixam a felicidade passar por não a reconhecerem. Querem proteger as outras e estas lhe apunhalam pelas costas. Pode parecer segura de si, mas já cometeu exatamente esses mesmos erros.

Em contrapartida, é sensível como uma pétala de rosa, que pode ser facilmente despedaçada. Muitas vezes pensa em desistir. Não pensa mais em cortar os pulsos, isso parece demasiadamente dramático agora. Gostaria de simplesmente não acordar de manhã para ter que enfrentar o mundo por mais um dia. Fácil, prático, indolor e silencioso. Podem não acreditar, mas ela sente. Ninguém vê, mas ela chora, como qualquer outro. Pode ser que a achem fechada e séria, mas quando acontece de alguém ser ousado o suficiente para chegar ao seu coração, é carinhosa até demais. E exageradamente engraçada.

O seu maior defeito é que toma as dores dos outros para si. Peneira os problemas, as dores, a realidade, a tristeza, em seu corpo, seu peito, seu silêncio, seu sorriso e em seus olhos, para que não machuque as pessoas que ama. Protege, briga, esconde, evita. E consegue desviar as lâminas afiadas da realidade do alcance daqueles que quer bem. Só não consegue não cortar-se fazendo isso. Mas, como eu disse, ela é exageradamente forte, se recupera, embora as cicatrizes permaneçam...

terça-feira, 30 de julho de 2013

É pedir muito?

Eu quero acordar tarde sem despertador ou acordar de madrugada pra fazer qualquer coisa que me agrade. Quero um trabalho que me dê prazer, amigos sinceros inclusive pra me xingar, quando for necessário. Comer meus pratos favoritos e não ter medo de experimentar pratos novos, se a companhia valer a pena. Rir sem motivos, rir inocentemente, rir das malícias da vida e da minha própria desgraça; Rir, gargalhar! Chorar desesperadamente, soluçando quando não aguentar mais tentar ver o lado bom das coisas. Alguém que entenda esse meu choro dramático e concorde comigo, ou discorde, mas me respeite. Ser essa eterna indignada e xingar quando eu tiver vontade, gritar quando achar que preciso. Ser tão louca quanto as pessoas pensam que eu sou, não me importar, não medir as consequências. Parar de me preocupar e fazer cada vez mais o que eu tenho vontade, na hora que der vontade. Extravasar, liberar meus demônios interiores, minha raiva, bater como se fosse na cara da minha tristeza. Libertar meus desejos mais profundos e minhas fantasias mais loucas como se não houvessem julgamentos. Fazer valer as minhas mais verdadeiras vontades, nem que precise de algumas doses de tequila pra isso. Estar perto de pessoas pra quem eu diga: "Vamos?" e me respondam na hora: "Vamos!", sem se importar se é terça-feira ou domingo, cinco da tarde ou três da manhã, sem nem saber pra onde. Gente tão louca quanto eu, que se submeta à minha loucura, que tenha vontade de fazer a sua vontade. Alguém que coma pizza comigo numa segunda-feira, que fuja da academia pra comer chocolate numa terça, que tome um porre numa quarta-feira, faça amor as quatro da manhã de uma quinta, fique em casa vendo tv numa sexta, que faça qualquer coisa em cima da hora no sábado, fique na cama o dia todo no domingo ou que acorde bem cedo pra viajar sem rumo. Que brigue comigo por telefone e venha na minha casa à uma da manhã só pra me abraçar. Entenda a minha solidão repentina às três da manhã de um dia qualquer e me dê colo SEM EU PEDIR. Compre a minha vontade de fazer nada além de ficar na cama durante um fim de semana inteiro. Que não negue minhas carícias no meio da noite, dentro do carro ou na escada do prédio. Que saiba concordar com as minhas ideias sem sentido e ir comigo pro meio do nada, se for o caso. Quero ir pro meio de uma roda punk e headbanguear pra sentir a inexplicável sensação que isso permite. Sentir a vibe das batidas eletrônicas se espalharem pelo corpo e mente sem pensar em mais nada. Ter orgulho de dançar um fandango bem gaudério com um vestido acompanhando meu ritmo. Dançar e cantar com meus amigos, sertanejo, samba ou pagode e rir de mim mesma fazendo isso. Preciso de alguém que me tire da rotina, que saiba me fazer rir quando eu estiver concentrada ou chata, alguém que me tire do tédio, me faça sentir vergonha, o que não é assim tão fácil, que xingue, fale palavrões e me faça sentir tesão apenas com palavras ao pé do ouvido, compre briga comigo, me desafie, diga que eu não sou capaz, me ensine algo novo, me peça pra mudar, me salve do comum! Se não for assim, não vale a pena, é perda de tempo. Se não for assim, é chato e igual a todo mundo. E eu nunca consegui ser igual a ninguém nem me encaixar a nada. E nem quero.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Voando as Tranças

Uma mistura de Rita Lee e Mick Jagger, assim era a minha vó. Usava cabelos vermelhos, pois dizia que era jovem demais pra deixar naturais seus cabelos brancos, que não combinavam com seu espírito jovem. Namorava com o Antônio Fagundes, adorava Julio Iglesias, ouvia música à todo volume e dançava pela casa! Sempre jovem e alegre, ouvia e aconselhava, com toda a sua sabedoria, mas com um jeito leve que me deixava tão à vontade quanto com a minha melhor amiga, da mesma idade; Falava sobre meus pais, meus amores, minha vida, enfim, sobre tudo. Tudo mesmo.

Sempre oferecia um colo onde acariciava meus cabelos, com suas mãos delicadas e sempre geladas - assim como as minhas -, e sua pele cheirosa e macia; Além de uma receita nova qualquer que ela havia aprendido. Estava sempre inventando. Quando eu era pequena, fazia trancinhas em todo o meu cabelo e colava com durex, porque não existiam essas borrachinhas de silicone que tem hoje. (...) Nada como seu feijão com arroz e sua panqueca, ou seu bolo de cenoura com canela e açúcar por cima. Até seu café preto, na hora do Jornal Hoje, tinha um gosto (e cheiro) especial! Deve ser o mesmo "segredo" da minha mãe: carinho.

Desde sempre, fomos uma dupla imbatível na hora de enrolar "negrinhos" fosse pras minhas festas de aniversário ou pras dos primos. Ou então na hora de inventar qualquer receita pros almoços de domingo, com toda a família, que sempre tinha muita risada e confusão e que agora já não são mais os mesmos sem a risada dela, sem a maionese dela, sem o jeitinho dela... De todos os anos que convivi ao seu lado, nem meia dúzia de vezes a vi triste ou emburrada. Herdei dela muitos gostos (ou desgostos), manias e nojinhos. Sempre estive com ela, voando as tranças, como ela dizia.

Mesmo antes de eu nascer, ela já estava lá, mimando minha mãe, e, depois que nasci, a mim. Nunca vi criatura mais carinhosa e dedicada, que vez ou outra soltava uns palavrões e em seguida uma bela gargalhada! Sempre me arrumando, me vestindo de prenda pra ir à escola, muitas vezes indo me buscar e levar, tricotando coletes e polainas, fazendo guardanapos e bicos de pano-de-prato de crochê, oferecendo sua casa quando o clima na minha não estava muito legal. Diferente das outras avós que sempre enxergam seus netos perfeitos, se ela tinha algo pra falar, falava na cara, sem deixar de amar ou elogiar. 

Muita coisa do que sei na cozinha, e na vida, aprendi com ela. Era uma mulher à frente de seu tempo e, ao mesmo tempo, cumpria muito bem o papel de "velhinha" doce e amável. Sempre ia lá em casa fazer um almoço especial no meu aniversário, ouvir minhas queixas e conversar, xingar os outros junto comigo. Nunca mais meus aniversários foram os mesmos. Por mais que mil pessoas me abracem, o abraço dela fará falta, pra sempre. A tatuagem que tenho é pouco pra expressar tudo o que fez por mim, mas, foi a maneira que encontrei de tê-la sempre comigo, além de, no meu coração.

Dizer que te amo pra sempre e que sentirei saudades eternas é muito pouco. Insuficiente perto do que sinto.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Devaneios

Pra espantar o frio, tomo um chimarrão - que de amargo não tem nada -, de erva verde e água quente, que me lembra a grama dos meus devaneios e a água dos nossos banhos quentes, que estão guardados em muitas versões na minha memória (ou imaginação).

Nestas fantasias, acordaríamos aquecidos pelo corpo um do outro, entre fluídos, suores e salivas, entrelaçados - lado a lado, por cima um do outro, tu com o braço debaixo do meu pescoço, eu com uma perna entre as tuas -, depois de cair no sono irresistível, após ver estrelas.

Como numa ressaca de álcool, a preguiça de uma manhã depois de uma noite de desatinos, as cobertas com cheiro de amaciante, cobrindo nossos corpos que mais parecem uma obra de arte, enrolados um no outro, entre pelos, cabelos, bocejos e sorrisos...

Como tu sempre levanta primeiro, iria tomar teu banho nem tão quente quanto o meu, e deixaria a água cair pelo teu rosto, cílios, lábios e cabelos, e as gotas caídas das pontas destes, desceriam pelo teu corpo fazendo uma dança hipnotizante para os meus olhos maliciosos.

Eu morderia os lábios e pensaria que não sou merecedora de tamanho privilégio, este que é te olhar debaixo d'água com os fios dela quente caindo do chuveiro e deliciando-se por cada pedaço do teu corpo que outrora esteve em minha boca.

Não resisto à tentação e junto-me a ti nessa irresistível rotina de deixar o corpo ainda mais sublime do que ele é naturalmente; Ensaboando tuas costas, envolvendo-te e apertando teu corpo entre meus braços como quem deseja nunca mais sair dali!

Enquanto você regula a água do chuveiro pra que fique quente o suficiente pro meu gosto e então cola tua barriga nas minhas costas e ensaboa meu corpo com as tuas mãos - que dão duas das minhas -, e nossos corpos mais parecem duas peças de quebra-cabeça.

Meu corpo todo arrepia-se, sinto um frio na barriga, seguido por um calor repentino que eu não sei ao certo se vem do teu corpo ou da minha imaginação e entrego-me totalmente às tuas intenções, até que você percebe que vamos nos atrasar e dispersa brincando de jogar água em mim.

Eu visto uma calça, uma blusa de lã enorme, um salto qualquer pra alcançar nos teus lábios, um cachecol e um casaco, enquanto você veste uma camisa pólo que deixa a mostra um pedacinho do teu peito, uma calça jeans e uma jaqueta e ri de mim por colocar tanta roupa;

Você ajeita o cabelo com as mãos e comenta que precisa aparar a barba, enquanto eu escovo os cabelos, passo pó no rosto, além de um pouco de blush pra não ficar tão pálida, lápis preto nos olhos, batom vermelho nos lábios e ameaço deixar você, caso resolva tirar a barba.

Preparo teu chocolate quente e meu café com leite, enquanto você prepara os ovos mexidos, e tomamos café da manhã experimentando a cada pouco um pedaço e um gole da refeição do outro, enquanto eu secretamente admiro teu sorriso e este momento.

Seguimos juntos para nossos destinos, com minha mão descansada na tua perna e a tua por cima da minha por todo o caminho e, ao chegarmos, tu se despede com um beijo encantador - enquanto eu acaricio teus cabelos -, e me elogia, enquanto eu rebato e secretamente, sinto gratidão por este momento.

Sigo feliz com um sorriso no rosto durante todo o dia, independente das adversidades, pois sei que de tardezinha falarei sem parar quando entrar no carro, e tu me ouvirás pacientemente além de rir da minha irritação e dizer que vai ficar tudo bem, como sempre.

Depois de especular como foi teu dia, o que comeste, como você está e filosofarmos sobre assuntos diversos até discordarmos, e agora, diferente de antes, concordarmos em discordar, com um sorriso e um beijo finalizando a "discussão",

Pensaremos no que faremos para comer enquanto dividimos o prazer de um chimarrão e filosofamos um pouco mais sobre nossos assuntos em comum e incomuns, ensinando ao outro sobre nossas singularidades e falando sobre nossas epifanias.

Então, enquanto tu cozinha eu tomo banho, e depois passo um hidratante no corpo e no rosto, agora sem maquiagem, do jeito que tu gosta, e visto meu pijama de bolinhas roxas, coloco a minha pantufa e desfruto contigo o agradável prazer de dividir uma refeição feita por ti.

Mais tarde, lavo a louça enquanto tu toma banho, passo um hidratante nas mãos e vou esquentando a cama pra quando tu chegares do banho, repousares em meus braços que te esperaram ansiosos por estes breves minutos a massagear teu corpo e confortar tua mente.

Assistimos qualquer coisa na televisão, até encantarmo-nos um pelo outro novamente e, agora sim, sem horários nem compromissos, mergulhar sem pensar em mais nada além desta satisfação imensurável que é te ter nos meus braços, na minha cama, na minha alma e na minha história...

Talvez seja apenas sonho, desejo ou imaginação. Talvez até já tenha acontecido. Talvez, ainda acontecerá, contrariando os pessimistas e incrédulos; Contrastando com a frieza do mundo real. Talvez, em uma próxima vida, eu possa admirar teu sorriso por todos os dias dela...

Só sei que se um dia quiseres tirar teu sentimento do fundo gaveta onde está guardado, estarei esperando-te com meu mate, fogo no fogão à lenha e meus braços sempre abertos para te aquecer no meu colo, onde poderás ouvir as batidas do meu coração, por ti.

domingo, 21 de julho de 2013

Universo Paralelo

Não é à toa que quando estava contigo, beliscava a mim mesma para tentar descobrir se aqueles momentos eram realmente reais. Gargalhava alto e naturalmente, como uma criança. Até as bochechas doerem! Me perfumava com gosto, enfeitava-me com minhas melhores roupas e meus melhores sorrisos; sorria à toa; cantava sozinha sem sentir vergonha se alguém estava ouvindo. Vivia nas nuvens, inclusive quando não estava contigo porque sabia que você era meu e que cedo ou tarde seria tua novamente. E mesmo antes de te tocar, sentia um magnetismo entre nossos corpos, e mais, entre nossas almas, ou seja lá como queira chamar. Tu sempre completou as minhas frases e os meus pensamentos, sempre esteve lá quando minhas lágrimas caíram, sempre esteve ao meu lado quando ninguém mais se importava...

Desde a primeira vez que te toquei, viajei para um mundo só nosso onde eu não enxergava nem ouvia mais ninguém além de ti. Magnetismo, junção de olhares, sorrisos involuntários, encaixe perfeito do meu corpo entre teus braços, da tua cabeça no meu colo. Sempre houve um brilho à tua volta que me fazia ficar boba e hipnotizada olhando pra ti. Como se não houvesse tristeza, solidão e dor nesse mundo.

Entre tantas conversas, a cada dia que passava eu custava a acreditar mas você se encaixava nos meus sonhos perfeitamente, como se os conhecesse em cada detalhe. Sonhos que eu já havia deixado de lado, de tanto quebrar a cara. Eu já não acreditava mais em contos de fada e príncipes encantados. Mas a cada palavra que você pronunciava eu ficava boquiaberta por perceber que a cada pouco e, nos mínimos detalhes, você se encaixava mais e mais nos meus desejos que até então, pareciam ser inexistentes.

Não, eu nunca pensei direito depois da primeira vez que meus lábios tocaram os teus. Naquela manhã ensolarada de sábado fiquei deitada na cama, paralisada, sem conseguir dormir ou fazer qualquer outra coisa, sorrindo idiotamente e revivendo cada minuto daquela noite. Desde então, toda noite eu dormia imaginando que teu corpo estava encostando no meu, sonhava contigo e acordava feliz, ouvindo músicas que jurava que um dia cantaria pra você. Tornei-me otimista, como nunca antes havia sido. Comecei a sonhar como nunca havia sonhado antes porque como você mesmo disse, sempre fui muito pé no chão. Mas você me ensinou isso. Me ensinou a sorrir independente dos meus problemas, me ensinou a esquecê-los, a ignorá-los, me ensinou a ser doce e que o carinho que eu tinha pra dar podia sim ser retribuído e valorizado, que não era besteira e que eu não precisava mais usar minha "armadura de guerra."

Você me ensinou que não precisava haver guerra, estratégia, escudo nem espada. Me ensinou que é raro, mas que ainda existem pessoas admiráveis que engrandecem os sentimentos e que não tem vergonha de demonstrá-los nesse mundo insano. Ah... você me ensinou tanta coisa! Eu me tornei uma pessoa melhor por tua causa. Mas um pedaço de mim morreu no dia em que você foi embora.

Porém, cada dia que passa minha afeição por ti se torna mais verdadeira! Eu me pergunto até quando será assim, até quando meu coração ficará apertado desse jeito... Já não sei mais como andar no concreto novamente depois de ter andado nas nuvens. Não sei mais como andar em terra firme depois de flutuar através do teu olhar, que ao encaixar no meu, nos faz viajar para outra dimensão, nosso universo paralelo.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Tão quente quanto o Sol

Teu sorriso no fim do dia é como o brilho do sol e a beleza do entardecer de um dia alegre de verão.
Tua voz me faz arrepiar como um corpo quente na areia, suado do calor do sol, de encontro com a brisa fresca do mar...
Tuas palavras invadem meus ouvidos e me fazem perder os sentidos, fazendo com que teus desejos se tornem ordens.
Fico tão compenetrada imaginando como seria o toque das tuas mãos em meu corpo, que não consigo manter a razão e me perco em pensamentos...
...Fantasiosos, dos quais saem faíscas ao imaginar tua língua quente passeando pelo meu corpo.
Tuas mãos sempre quentes, firmes e decididas fazem meu corpo amolecer por inteiro e render-se às tuas vontades mais insanas.
Se um dia chegares a tocar meu corpo com teu corpo, a encharcá-lo com teu suor e saliva, a contrastar tua pele com a minha,
O fogo que tento esconder em meu peito, mas que quase se revela por conta da minha respiração ofegante,
Irá, deliciosamente, tomar conta de nós e queimar-nos voluptuosamente até morrermos de prazer. 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Memórias

Com certeza não há castigo maior do que apenas reviver na memória - na penumbra- , o calor, a voracidade com que as mãos tocam o corpo um do outro, a fome com a qual os lábios se tocam na ânsia de se ter cada vez mais dentro um do outro... Os braços não conseguem conter a força com a qual abraçam e apertam o corpo que a vontade desnorteada só quer ter para si a qualquer custo, a qualquer hora, para matar a sede que lhe cega, lhe ensurdece, lhe desconcentra, lhe impede de pensar e só sabe lhe fazer desejar incontrolavelmente...
O cheiro doce de hortelã que rasga o olfato, confunde a mente e penetra no corpo, faz querer cada vez mais a mágica que é a mistura da minha saliva com a tua. Minhas mãos dançam pelo teu corpo que se confunde entre suor e arrepios e deixa minha insanidade ainda mais à flor da pele de tal maneira que já nem sei mais se relembro, vivo ou imagino esse anseio descontrolado pelo teu corpo, tua pele, teus lábios, teus cabelos, tua barba, tuas mãos pelo meu corpo.
Esse anseio descontrolado que queima no meu peito e me faz enlouquecer...