terça-feira, 27 de agosto de 2013

O colo da mamãe é macio mas a vida não é

Não adianta cobrar à plenos pulmões ao chegar em casa e ter louça pra lavar, camas desarrumadas, cachorro sem comida enquanto seu bebezinho fofo está no computador.

Não, gritar não vai fazer com que suas palavras entrem na cabeça de alguém e se fixem lá de acordo com a intensidade e altura da voz.

Não, gritar não vai fazer ninguém sentir compaixão de você porque sai de casa de manhã cedo pra pôr comida na mesa e chega à tarde e tem tudo por fazer e ninguém te reconhece.

Não, fazer tudo o que tem por fazer e continuar gritando não vai mudar a situação. Só vai fazer com que as pessoas ao redor acostumem-se com seus gritos e aprendam a ignorá-los, assim como, ignorar as coisas por fazer.

Não adianta reclamar, gritar, xingar, espernear, praguejar. Mesmo. Isso só enche o saco, na maioria das vezes o próprio saco de quem grita, porque as pessoas aprendem a ouvir isso e fingir que não ouviram, principalmente os filhos. Especialmente os filhos que, ao não fazerem algo, alguém vai lá e faz por eles, mesmo que grite um pouco.

Não adianta levantar cedo todos os dias pra trabalhar e comprar roupinhas de marca pro seu filhinho querido e depois no fim do ano quando ele reprova, xingá-lo. A culpa não é dele. É sua. Que levantou cedo, se matou trabalhando, no calor, no frio pra trazer do bom e do melhor pra dentro de casa; Que chegou em casa, fez tudo o que tinha por fazer enquanto ele estava navegando no Facebook.

Não sou mãe, nem psicóloga (ainda), mas sou uma ótima observadora cansada de ver situações como essa por aí e, na minha humilde opinião, o que resolve é sentar e conversar. Sim, a boa e velha conversa. Desligar a televisão, deixar de se preocupar com a novela e conversar, estudar, ensinar, participar da vida do seu filho.
Não, falar enquanto ele passa, sai ou chega não é a mesma coisa. Gritar e cobrar quando chega o boletim, quando a escola chama pra fazer reunião, e etc não vai surtir efeito.

Parar tudo, sentar, olhar nos olhos e manter um tom de voz equilibrado é do que eu estou falando. Prevenir, antes de remediar. Ou remediar da maneira correta. Dar exemplo, dizer o quanto é difícil levantar as seis da manhã, trabalhar o dia todo, muitas vezes comendo marmita no trabalho, algumas outras vindo em casa almoçar, num ônibus lotado, ou num engarrafamento no conforto do seu carro pago com o suor de cada dia de trabalho, engolir a comida inteira e sair correndo porque já está na hora de voltar.

Tudo isso pra garantir o arroz com feijão de cada dia, as guloseimas que o baby tanto gosta, as roupitchas caras daquela loja bacana que vende as marcas mais cool que a galerinha está usando, o tênizinho de marca, a internet da qual ele usufrui todo dia pra se divertir - porque estudar que é bom né, só quando o bicho tá pegando ou quando os seus gritos ultrapassam o limite aceitável -, a TV à cabo na qual ele assiste programas que bem entender no conforto do seu quarto, na sua televisão.

Depois de permitir e criar tudo isso, não adianta reclamar, gritar, cobrar, encher o saco, fazer a dança da chuva. Porque ele é uma pessoa que cresceu e aprendeu a ser assim com você pai/mãe que compra o seu filho com tudo o que ele quer, seja comida, roupa, saídas, dinheiro, televisão, internet; Que troca isso pelo seu tempo com ele. É, aquele mesmo tempo que você usa pra assistir televisão, em vez de fazer parte da vida do seu filho. E quando você se dá conta, ele não fala mais com você, enquanto está com os fones de ouvido no computador. Ele se tranca no quarto e prefere ficar na internet do que sentar na sala com você.

Não, ele não quer conversar com você e contar como foi o dia dele, muito menos ouvir como foi o seu. Porque ele tem coisas mais importantes pra fazer na internet. Conversar com os amigos, jogar, ver pornografia. Porque ele nunca teve limites, sempre decidiu por si só o que fazer enquanto você estava "ocupado" com outras coisas. E agora já é tarde demais pra alguém querer controlá-lo. Porque você já nem conhece mais o seu filho. Não sabe o que ele faz, nem com quem ele anda e ele também não quer que você saiba, porque quando ele gostaria da sua preciosa atenção, ela estava ocupada com a porcaria da novela das oito. Quando ele gostaria que você o ensinasse algo, você estava "ocupado" demais pra ele. Quando ele precisou de colo e conselhos, você não podia, porque tinha que levantar cedo para sustentá-lo e comprá-lo. E então, de repente, ele não precisa mais de você, porque já arrumou distração, muito mais interessante inclusive.

Provavelmente ele vai crescer e vai se tornar um playboyzinho metido, daqueles que vão pra balada todo lambido, com a roupa que a mamãe comprou, o perfume que a mamãe comprou, muitas vezes com o dinheiro que a mamãe deu (porque nunca exigiu que ele trabalhasse, só que estudasse mas, como tinha tudo o que queria mesmo que não o fizesse, ele não fez, porque era mais fácil), pagando de bonzão e fútil com as mulheres (porque mamãe sempre disse que ele era o melhor), bebendo e usando drogas, dirigindo, fazendo estardalhaços, arruaça e até cometendo acidentes, porque claro, se necessário, mamãe vai pagar um advogado e livrá-lo de tudo o que acontecer através de seus contatos.

E aí, você vai se perguntar: "Mas o que eu fiz de errado? Eu dei tudo do bom e do melhor, tratei com o maior carinho, blá blá blá." E eu te respondo: Foi exatamente este o seu erro. Dar tudo sem cobrar nada, deixar de fazer as coisas pra você, pra fazer tudo pra ele, não dar limites e dar recompensas sem dar tarefas.

E aí certamente será muito tarde pra consertar esse bebezão de vinte e tantos anos que não sabe se virar sozinho e não sai da barra-da-saia da mãe, porque claro, é muito conveniente, confortável, quentinho e também, porque ele não sabe viver de outro jeito, por culpa de seus ~amados~ pais que o fizeram ser assim.

Se a vida conseguir ensiná-lo, certamente será do pior jeito, na base do tapa na cara, da porta fechada no nariz, do murro no estômago e, o baby da mamãe vai sofrer pra caramba porque o colo da mamãe era macio, mas a vida não é.

E, na pior hipótese, ele não vai aprender, e vai ser um babaca que desrespeita o porteiro, o lixeiro, o faxineiro, o professor - porque se acha melhor que eles, afinal, mamãe disse que ele era demais -, que não sabe o valor e nem o preço das coisas, que não sabe ouvir críticas e nem trabalhar em equipe, que sempre dá "um jeitinho" nas suas cagadas - afinal, foi assim que mamãe sempre fez.

Então, sugiro que você saia da frente dessa porcaria de televisão/computador, e olhe pro seu filho, escute-o, ensine-o, PRESTE ATENÇÃO nele, seja amigo dele se não quer fazê-lo sofrer e ser uma pessoa fútil e quebrar a cara ao ver que o mundo não gira em torno dele.

Não adianta colocar a culpa na escola, na sociedade, nos políticos ou no destino, porque ela não é de ninguém, além de sua.

sábado, 24 de agosto de 2013

Liberdade de ser você mesmo


Não tenha medo de dizer o que quer, de fazer o que tem vontade, não fique enrolando sem dizer sim ou não por medo da opinião alheia. Ninguém tem o direito de xingar ninguém pelas suas escolhas, o outro pode ficar chateado, mas no fim, cada um decide por si e fazer birra por causa de decisões alheias é coisa de gente imatura.

As pessoas tem outras pessoas, outros amigos, outras situações, outros gostos... A gente não pode querer controlar tudo. E por mais parecidos que sejamos com alguém, ainda assim, somos diferentes em algum canto da nossa originalidade ou dos nossos gostos bizarros.

Não dá pra não dizer o que quer por medo do que os outros vão pensar. Se a tua resposta depender da minha opinião, então tu não sabe nem do que gosta. Ora gosta disso, ora daquilo pra agradar a todos...

Eu particularmente, respeito muito mais quem me contraria e se contradiz do que quem concorda comigo só pra me agradar. Não suporto quem não anda fora da linha, não surta, não enlouquece de vez em quando. Porque os doidos, imprevisíveis, e felizes são aqueles que fazem o que sentem que devem fazer, independente do que as outras pessoas pensam e dizem. E essa é a essência da vida. Fazer o que tu sente que deve fazer. Por mais que não faça sentido.

Ou tu vai viver cada dia pra agradar alguém diferente? Assim nunca vai agradar a si mesmo e é capaz de morrer de desgosto. De chegar ao ponto de que nem as coisas que tu sempre sonhou em fazer vão conseguir te deixar feliz e te tirar desse lago gelado e completamente estático que se tornou o marasmo da tua vida.

Não tem nada melhor do que a sensação de realização por fazer algo que se quer muito. Nada vale o preço desse sentimento. Nem a pessoa mais legal do mundo todo. Nem a pessoa mais linda do mundo. Nem 1 milhão de reais. Nada vale mais do que fazer o que o teu coração manda. Como diria o Gabriel: "Nada do que eu conheço paga o preço de viver sem liberdade."

E com certeza é infinitamente melhor ter a sensação de arrependimento depois, do que ficar na eterna vontade de saber como seria. Só dá pra ficar em paz consigo mesmo, depois de arriscar, de experimentar. E nem mesmo a tua possível babaquice, idiotice e vergonha podem ser maiores do que a realização de fazer algo que tu quer muito dentro de ti.

Portanto, não deixe que o medo te impeça de ser feliz e mais importante ainda, de ser você, de fazer aquilo que tu realmente gosta. Hoje as pessoas criticam. Amanhã elas concordam contigo e te dão um tapinha nas costas. Não vale a pena deixar de viver pelos outros.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Entrelinhas

Acorda, já não tão cedo, mas sempre com preguiça. É um bicho da cama. Lava o rosto com água fria pra acordar, toma um banho quente. Veste-se geralmente de preto, pois assim sente-se bem. Usa salto para disfarçar sua altura, ou seria a falta dela? Perfuma-se com uma fragrância doce, que adora, revelando assim, traços escondidos da sua personalidade que ela disfarça atrás de olhos pretos e batom vermelho, para tentar não sofrer tanto quanto já...

Põe os fones de ouvido para não ouvir as conversas alheias no ônibus e na rua, nem ouvir o que as pessoas tem a dizer sobre ela; Também para viajar pelo seu universo particular, o qual o ingresso é a música e a poesia, lembranças e anseios. No ponto de ônibus, no elevador, na praça, tudo isso se mistura e as palavras surgem, combinam-se e dançam em sua cabeça. Os plátanos lembram o rosto dele, seu cabelo, sua barba; Um raio de sol lembra o seu sorriso...

Ela mergulha no seu mundo. O das palavras, dos textos, das frases e rimas. Silenciosamente, sente falta dele, mas disfarça. Está triste, mas sorri; Gargalha, desesperadamente talvez. Em silêncio. Ao menos de palavras ditas, mas não de escritas. Se alguém olhar nas suas entrelinhas, saberá. Dói, mas ela faz piada, dela mesma, da desgraça alheia e da dor também, porque não? Ironia.

Luta pelos seus problemas secretos e deploráveis todos os dias, mas escuta as dores alheias e aconselha como se ela mesma não tivesse as suas. É forte como uma pedra, muito mais do que a maioria das pessoas que conhece. Queria ter os problemas dessas pessoas para si, trocaria pelos seus. Reclamam de barriga cheia. A vida é injusta e as pessoas não dão valor para o que têm. Deixam a felicidade passar por não a reconhecerem. Querem proteger as outras e estas lhe apunhalam pelas costas. Pode parecer segura de si, mas já cometeu exatamente esses mesmos erros.

Em contrapartida, é sensível como uma pétala de rosa, que pode ser facilmente despedaçada. Muitas vezes pensa em desistir. Não pensa mais em cortar os pulsos, isso parece demasiadamente dramático agora. Gostaria de simplesmente não acordar de manhã para ter que enfrentar o mundo por mais um dia. Fácil, prático, indolor e silencioso. Podem não acreditar, mas ela sente. Ninguém vê, mas ela chora, como qualquer outro. Pode ser que a achem fechada e séria, mas quando acontece de alguém ser ousado o suficiente para chegar ao seu coração, é carinhosa até demais. E exageradamente engraçada.

O seu maior defeito é que toma as dores dos outros para si. Peneira os problemas, as dores, a realidade, a tristeza, em seu corpo, seu peito, seu silêncio, seu sorriso e em seus olhos, para que não machuque as pessoas que ama. Protege, briga, esconde, evita. E consegue desviar as lâminas afiadas da realidade do alcance daqueles que quer bem. Só não consegue não cortar-se fazendo isso. Mas, como eu disse, ela é exageradamente forte, se recupera, embora as cicatrizes permaneçam...