quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pintura

Para ler ouvindo: 



























Perante às notas melancólicas de Bach, encho os olhos d'água, esboço um sorriso.
Doces recordações; Dor tão amarga quanto bela. Em cada nota.
Em tudo o que eu faço. O que toco, vejo, respiro, sonho, desejo...
Se é para ser assim, que eu despedace meu coração para que alguns olhos possam ler beleza.
Cada letra corresponde a uma nota que toca ao coração, no fundo do peito.
Afogo-me em lágrimas, mas não por tristeza somente.
Disseste tu certa vez: "É preciso dor para haver verdadeira beleza."
As mais belas artes são agonia, loucura, delírio, doença.
Que assim seja.
Corpos separados. Pele, calor, distantes. Do perfume, só a lembrança.
A maciez do cabelo. O gosto da saliva. A embriaguez das gargalhadas.
A dança entorpecente, em minha mente, tornou-se pintura.
Bailar sob as estrelas e a lua cheia. Levemente, girar e sorrir.
Silêncio.
Promessas e declarações através do olhar extasiado.
Coreografia inconsciente, mas milimetricamente perfeita.
Em vez de trajes negros, quem sabe um vestido branco esvoaçante.
Rendas e pérolas.
Olhos contornados de escuridão e lábios vermelho sangue.
Espelhando-se nas bolitas castanhas brilhantes.
A pele macia arranhando-se na barba por fazer...
Tu, como um perfeito cavalheiro, de terno escuro riscado e uma flor de enfeite.
Entrelaçar nossas letras digitadas ou escritas a lápis.
Casar palavras rimadas que quando lidas, provocam intensidade.
À flor da pele.
Frases tão quentes e confortáveis como um abraço.
No qual poderíamos morar pelo resto de nossos dias...
Não sendo assim, vamos viver e sorrir para outro beijo qualquer
Como se tivesse a chance de ser tão doce quanto...
Mas, sei que no fim, tudo sempre dá certo, o durante é apenas passageiro.
Permanente mesmo é aquilo que para no tempo.
Palavras grafadas em folhas guardadas em baús de madeira.
Bonitas demais para serem jogadas fora.
Gravadas na pele, na memória e em cartas escritas à mão, guardadas na carteira.
Algo bom está por vir. O quê, não consigo prever, mas sinto.
Só quero estar feliz mesmo que isso nunca se acabe, de outro jeito quem sabe, reaprender.
Desatravancar todo o meu choro, cada lágrima, uma por uma.
Sofrer tudo o que preciso for, por mim, por você...
Feliz há de ser o final. Se não for feliz, há de ser fim.