quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Não sou obrigada - Sobre o direito de dizer não

Eu gosto dessas lembranças do Facebook... Porque elas me fazem reviver o momento no qual algumas fotos foram tiradas... Em algumas vezes, consigo sentir o mesmo que senti naquele momento, e sempre consigo refletir sobre mim mesma, minha vida, sobre o quanto mudei, o quanto evoluí com relação a mim mesma, o quanto cresci... Logo eu, que dizia que nunca iria mudar...
Hoje fazem três anos de um fato que mudou muito a vida que eu costumava levar. Literalmente, me tirou da zona de conforto. Fazem três anos que eu me cansei de aceitar o que era pouco demais pra mim, cansei de me submeter à vontade dos outros e deixar a minha de lado. Cansei de aceitar o que não me fazia bem, de achar normal algumas coisas que me deixavam triste... Num momento de desespero, dei um basta! E, a partir dali vivi experiências que me fizeram expandir meus limites, quebrar regras, deixar de lado alguns julgamentos e, porque não, pré-conceitos... Me permiti, talvez pela primeira vez, aos meus 24 anos, fazer o que eu tinha vontade, sem me importar com nada, nem com o que alguém poderia pensar... A partir daí, foi um caminho sem volta, porque quanto mais se faz o que se quer fazer, menos se quer fazer o que não se quer fazer.
Tentei voltar atrás, caber novamente na minha zona de conforto, mas, era tarde demais. Ainda bem! Tive que, literalmente, reaprender a viver... E vivi momentos incríveis desde então! E, apesar de, obviamente ter vivido coisas ruins, situações desagradáveis, ter conhecido pessoas que não se tornaram meus melhores amigos, e também "perdido" algumas pessoas que eu achava que eram minhas amigas, no balanço geral, pelo menos olhando daqui de onde estou hoje, acho que vivi muito mais coisas boas do que coisas ruins. Me tornei uma pessoa melhor, aprendi a ouvir mais, observar mais os outros, me colocar no lugar deles, vivi muitas situações que me ensinaram muito, aprendi a pedir desculpas, a voltar atrás, a tentar ser melhor, mas, acima de tudo, a ser eu mesma, ser sincera, não com intenção de fazer mal a ninguém, mas com a intenção de ser transparente e também de respeitar a mim mesma.
Infelizmente, é fato que muitas pessoas não sabem ouvir "a verdade" (entre aspas porque podem haver muitas versões da verdade), não sabem ouvir críticas, "nãos", ou que precisam mudar algo, ou que estão erradas em alguma coisa, ou simplesmente que discordamos de algo com elas. Felizmente, também aprendi, ao menos um pouco, a ouvir as coisas "não boas" que as pessoas têm a dizer sobre mim, o que também me acrescentou muito ao longo do caminho, porque, depois de analisar o que foi dito, mudei algumas coisas em mim, pra melhor. E uma das principais coisas e também mais difíceis, foi aprender a dizer não. "Não quero fazer isso", "Não me sinto à vontade", "Não estou com vontade", "Não sou obrigada", entre outras tantas negativas...
Somos ensinados desde pequenos que TEMOS de fazer certas coisas, e isso não faz muito bem para nossa saúde mental. Quantas vezes fomos à uma reunião de família porque "temos de ir, o que vão falar?", e o mesmo acontece no trabalho e, às vezes, mesmo entre amigos e até namorados... Pois bem, com o tempo, fui aprendendo que não somos obrigados a fazer o que não queremos, o que não nos sentimos bem, seja o que for. Seja não ir em uma reunião de família, não ir num rolê com os amigos, não ir a algum lugar que tem alguém que você não gosta, não ir a algum lugar que você não gosta, seja não ir ou não fazer qualquer coisa quando você não quer ir ou fazer esta coisa, quando, pelo motivo que for, não está com vontade.
Como dizem por aí, "dizer não é libertador", embora muitas pessoas se ofendam ou se incomodem com isso. Mas, sigo dizendo, e quanto mais digo, mais quero dizer! Só assim aprendi a me conhecer melhor, me respeitar mais, saber o que quero, o que não quero, o que gosto ou não.
Nessa parte do textão, iria pedir desculpas se eu disser "não" pra você alguma vez, mas, eu não preciso fazer isso. Porque afinal, não tem nada demais, estou apenas respeitando a minha vontade, assim como todo mundo deveria fazer. E talvez houvessem menos pessoas infelizes por aí.
Eu, que sou solteira e não quero ter filhos, não vou "abandonar" nenhuma amiga quando ela engravidar e tiver um bebê, não tenho nada contra crianças. Mas, se esta criança for uma pessoa com a qual meu santo não bate, for mal educada e seus pais não enxergarem ou não fizerem nada para tentar "educá-la" (o que também é um conceito subjetivo), EU NÃO SOU OBRIGADA a conviver com ela, assim como não sou obrigada a conviver com um namorado ou marido de uma amiga, ou um amigo de um amigo que eu não simpatize e que não simpatize comigo. Não preciso ser mal educada, nem fazer nada contra qualquer uma dessas pessoas que por algum motivo não gosto. Apenas estarei exercendo meu direito de não fazer o que eu não quero fazer, meu direito de sair de um lugar se ele não estiver agradável pra mim, meu direito de não conviver com alguém que me incomoda. E não tem nada de errado com isso.
Não sou obrigada a fazer o que não quero, com quem não quero, onde não quero, muito menos a ter a mesma opinião que qualquer outra pessoa. Tenho o direito de ter a minha própria e, não vou mentir, isso pode nos fazer mais solitários às vezes, porém, quem disse que ficar sozinho é totalmente ruim? Não digo sempre nem todos os dias, afinal, precisamos conviver com outras pessoas. Mas não precisamos nos sujeitar à pessoas, situações ou lugares que não nos fazem bem, pelo menos, nas situações em que podemos escolher. E mesmo nas que não podemos, como trabalho ou faculdade/escola, não precisamos conviver tão de perto com alguém que não nos acrescenta e que, por vezes, perturba a nossa paz. Podemos manter aquela educação, aquele respeito de longe, cada um cuidando da sua vida. Mas, não somos obrigados a nada. E isso é libertador! Todo mundo deveria tentar!

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